Aos 16 anos de idade, Deus me chamou ao ministério. Cresci num lar parcialmente cristão e, embora tenha vivido a infância nas escolas dominicais e acompanhando minha mãe nos cultos semanais, logo depois de um tempo, meu pai reconciliou com Jesus; mesmo acontecendo tudo isso, eu ainda não havia conhecido a Jesus, até então só conhecia a igreja e o pacote religioso, por mais que a igreja da qual frequentávamos era muito boa.
O tempo ministerial foi passando e pude aprender algumas coisas cujo estarei deixando pra vocês todos, que são alguns degraus a se galgar no reino de Deus.
A Bíblia diz em Pv 1.7 que “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam conselhos.”, então, fica claro identificarmos onde se inicia nossa trajetória no reino de Deus, que é através do temor; por temor abrimos mão de algumas coisas pra se acercar mais do reino e das coisas do reino de Deus; por temor, surgem filosofias, criamos pacotes religiosos, não toque “nisso” ou “naquilo”, “a Palavra de Deus falou para mim, logo, é uma regra geral”, e tudo isso aparece de maneiras muito boas, com ótimas intensões, estilo de quem está aprendendo coisas novas e gosta muito do que aprende.
Uma coisa muito séria que acontece nesse período de tempo, é quando o Evangelho é apenas uma filosofia de vida, a cara não passa de um safado, mas quando alguém pergunta o que ele é ou acredita, a resposta é sempre: Sou crente, sou cristão, sou um monte de coisas, Deus está no meu coração (essa é a pior das tragédias), o Evangelho é uma filosofia do tipo daqueles que vão à igreja porque isso é parte de um código de regras a serem cumpridas por um cristão, e lá aprende que Jesus fez isso e aquilo outro, mas volta pra casa e tudo não passou de teoria evangélica, não fez e nem faz síntese pra existência terrena do indivíduo. Então, dessa forma não podemos acreditar numa filosofia cristã ou evangélica, logo ela se confrontará com outras filosofias, e digo, existem outras muito lindas por ai, e sito algumas como o Taoismo, Budismo, Rosacruz, Maçonaria, Kardecismo, e por ai vai. Posso imaginar um crente filosófico destes pregando pra um crente em qualquer outra filosofia, ele apenas vai discutir leis morais e religiosas, não tem vida em si mesmo em seu próprio credo.
Quando o Evangelho começa a ser levado com mais seriedade, ele toma proporções maiores no individuo e, como Paulo diz na segunda carta aos coríntios 5.14 e 15, que “o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para os que vivem, não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”; reconhecendo isso, é abandonado o egoísmo a barganha que engorda o bolso da individuo, ele para de pensar que é único ser humano da face da terra que carece necessidades. Uma característica primordial na igreja primitiva é que ao entregarem suas vidas a Jesus, eles se desprendiam dos bens materiais, vendiam suas propriedades e dividiam entre si conforme a necessidade de cada um. Um dos maiores exemplos deste segundo degrau, que o chamo de Social, é o relato do Gadareno (escrevo com letra maiúscula porque se tornou até nome pra ele a sua naturalidade), que é escrito em Mc 5. Ele era um jovem que vivera sua vida de forma insana, atormentado por demônios e o encontro com Jesus foi de extremo impacto em sua vida, primeiro porque Jesus expeliu o mal de seu espírito, e em segundo lugar, como lemos no verso 15, aquele jovem não era mais o mesmo, ele estava assentado, em perfeito juízo e vestido, digo que se Jesus apenas tivesse expulsado os espíritos malignos dele, a obra não havia sido completa, mesmo que não esteja escrito, eu posso imaginar os discípulos doando de suas próprias roupas pra ele e até mesmo dando um banho nele, o Evangelho de Jesus não é só pra livrar nossa alma do inferno, é pra nos dar vida abundante aqui na terra também, os céus começam aqui, e tendo este tipo de revelação, não há mais razões para recebermos o salário mensal pensando apenas nas contas a pagar e no conforto próprio, pensamos primeiro em perguntar a Deus como ele quer que gastemos o nosso sustento, pensamos nos missionários e lideres eclesiásticos espalhados pelo mundo que padecem situações incomparáveis às nossas (como brasileiros), deixamos de ter o dízimo como uma prestação a ser paga mensalmente, e além de ofertarmos parte do nosso sustento, entregamos também o coração, de forma que se Deus nos pedir além dos dez por cento, entregamos, crendo que Ele é poderoso pra cuidar de nós durante o mês e durante a nossa eternidade.
O terceiro degrau do qual quero deixar pra vocês, é o Sobrenatural, sei que muitos têm o sobrenatural como algo distante ou específico só pra alguns crentes, mas não, o sobrenatural começa desde o nosso levantar até o deitar e não para por ai. No Salmo 103.3 diz que “Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades,”. Sempre que falamos sobre perdão de pecados, não vemos como um milagre, mas é, e neste verso, diz que pra Deus é a mesma coisa fazer um tetraplégico levantar da cadeira de rodas e perdoar um adultero, é o mesmo poder, a mesma virtude divina. Milagres estão sempre associados a grandes coisas, mas quero te contar algumas coisas. Davi foi um homem íntimo de Deus e nos deixou algo muito especial no Salmo 4.8 dizendo que “deitei e logo peguei no sono, acordei porque o Senhor me sustentou”, se pararmos pra meditar nisso, vamos ter uma grande surpresa, pois Deus é onipotente, Todo-poderoso, se Ele não quiser permitir que eu e você não abramos os olhos pra mais um dia, isso não vai acontecer, mas Ele tem permitido que acordemos pra mais um dia a cada manhã. Em Mt 5.45, Jesus no diz algo que complementa esta revelação, pois “para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos.”, se é Deus é tão poderoso como tenho dito, Ele poderia fazer com que seu sol não brilhasse pra mim e pra ti todas as vezes que pecamos, por exemplo, e por graça divina isso não acontece. Quero deixar mais um verso que revela tais “pequenos” milagres; o Salmo 150.2 quando nos “Louvai-o pelos seus atos poderosos, louvai-o conforme a grandeza de sua excelência”, se conseguirmos assimilar isto em nossa vida prática, estaremos mais sensíveis para tantos milagres que acontecem a todo momento e louvaremos a Deus por cada um deles. Quem de nós já parou pra agradecer a Deus pelo sol que brilha? Por ter a chance de viver mais dia? Não precisa ser evangélico, católico ou sei o que seja pra reconhecer isso, basta ter sensibilidade existencial. Vocês começarão a perceber que estes milagres são tão grandes quanto o perdão que recebemos sempre que nos arrependemos diante de Deus, quanto os cegos que lhes são restituídos a vista, quanto a qualquer tipo de milagres dos quais intitulamos extraordinários.
Então deixo a vocês mais uma meditação, creio que é muito profundo saber tais coisas, isto nos levará pralém do que possamos crer que chegaremos, e não ficaremos aquém do óbvio.
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